11.11.12

A pele em que habitam. Ifigénia e Vera estão na prisão, por vontade dos deuses e monstros. Sofrem muito, na solidão, longe da família (e da humanidade) que amam e da qual precisam para serem. Encarceradas e expatriadas (da humanidade), vivem «uma vida que não é vida» (Ifigénia), estão incompletas. A beleza disto é encontrarem na barbárie a humanidade que lhes permitirá a ascensão (que não é bem uma ascensão, mas mais regresso ao nível zero [o perfeito] do humano). Por via do sofrimento, vivido no silêncio que as possibilita buscarem em si mesmas a salvação (viva a espécie, o Homem, camaleão multiforme!), adquirem uma completude (por via da inteligência) que lhes permite atingirem um grau de lucidez extremo, sem o qual as suas narrativas não poderiam chegar a bom porto. No processo, não obstante as mazelas, aprenderam a domar o instinto, a agir em vez de reagir, em suma, a viver inteligentemente, em suma, a ser o que um ser humano deve ser, em suma, a não serem bestas. Parabéns.

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